História do Rio São Francisco: do Velho Chico à Cultura de Três Marias
Introdução
O Rio São Francisco, conhecido carinhosamente como Velho Chico, é um dos mais emblemáticos cursos d’água do Brasil. Suas águas serpenteiam por cinco estados e já foram palco de expedições, trocas comerciais e rituais tradicionais. Em Três Marias (MG), ele não apenas formou um lago artificial, mas também moldou a identidade cultural de milhares de ribeirinhos. Neste artigo, você vai descobrir as origens do Velho Chico, as lendas que encantam gerações e o papel histórico e socioambiental que esse grande rio desempenha na região de Três Marias.

As Origens e Descobrimento do Velho Chico
O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, a cerca de 1.200 metros de altitude. Sua nascente foi registrada oficialmente pelos bandeirantes no início do século XVI, embora relatos de populações indígenas já o descrevessem como “o grande rio que banha as terras do Sul”.
- Geologia e percurso: Com mais de 2.700 km de extensão, o Velho Chico corta vales profundos e planícies aluviais até desaguar no Oceano Atlântico.
- Primeiras expedições: Em 1526, Martim Afonso de Sousa documentou as margens do rio, abrindo caminho para o avanço à região centro-norte do Brasil.
- Importância estratégica: O São Francisco foi via de transporte fluvial para produtos como açúcar, sal e peixe salgado, essenciais ao desenvolvimento colonial.
O Papel do Rio na Formação de Cidades e Comunidades
Desde o período colonial, o Velho Chico serviu como artéria de ligação entre vilarejos ribeirinhos.
- Vilarejos e feiras: Pequenas comunidades surgiram às margens, organizando feiras semanais onde se trocavam mantimentos e artesanato.
- Economia local: A pesca artesanal e o plantio de mandioca e cana-de-açúcar eram sustentos principais. O rio facilitava o transporte dessas mercadorias para centros maiores.
- Cultura social: As casas de taipa e as capelas primitivas, muitas ainda preservadas, atestam a influência do Velho Chico na arquitetura e na religiosidade local.
Três Marias: Do Surgimento da Usina à Identidade Local
Entre 1960 e 1962, a construção da Usina Hidrelétrica de Três Marias transformou radicalmente a paisagem.
- Obras e criação do lago
- Barragem com 2.700 m de extensão e 80 m de altura.
- Formou um lago de mais de 1.040 km², influenciando o regime de cheias e secas.
- Impactos socioambientais
- Deslocamento de famílias ribeirinhas; programas de reassentamento foram implementados pelo governo federal.
- Alterações na fauna e flora locais, com projetos posteriores de reflorestamento.
- Novos modos de vida
- Turismo náutico e pesca esportiva se tornaram fontes de renda.
- Sede de eventos culturais ligados ao rio, como regatas e festas de São João.
Cultura, Lendas e Festividades Ribeirinhas
A proximidade com o Velho Chico deu origem a um rico acervo de narrativas e celebrações.
- Lendas tradicionais
- Sinhá Vitória: conta-se que uma senhora de beleza singular caminhava às margens, ajudando pescadores em apuros.
- Jurupoca: ser mitológico que emerge à noite para proteger o equilíbrio do rio.
- Festividades
- Romaria de Nossa Senhora das Dores: procissão de barcas iluminadas que celebra a devoção mariana.
- Festa do Peão de Três Marias: reúne vaqueiros e música sertaneja, homenageando os laços entre homem e rio.
- Artesanato
- Cerâmicas pintadas com motivos aquáticos.
- Rendas de bilro e tecelagens inspiradas em ondas e peixes do São Francisco.

Turismo e Preservação Ambiental
Hoje, Três Marias alia atração turística e iniciativas de conservação.
- Principais atrativos
- Passeios de escuna pelo lago da usina.
- Mirante do Recanto das Andorinhas: vista panorâmica do Velho Chico.
- Trilhas na Serra de São José: observação da nascente de afluentes.
- Unidades de conservação
- Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Mata dos Godoy, com projetos de educação ambiental.
- Programas de coleta de lixo flutuante e reflorestamento de margens.
- Dicas para visitantes
- Melhor época: de abril a setembro, com volume de água estável.
- Acesso e hospedagem: cidade dispõe de pousadas ribeirinhas e campings à beira do lago.
- Sugestão de roteiro: manhã de escuna + tarde de trilha + noite na Romaria.
Conclusão
O Velho Chico não é apenas um curso d’água; é a veia pulsante de gerações que viveram e ainda vivem às suas margens. Em Três Marias, a união entre história, cultura e natureza se revela em cada lenda contada, em cada festival celebrado e em cada pôr do sol refletido no lago formado pela usina. Visitar essa região é mergulhar em tradições centenárias e contribuir para a preservação de um patrimônio vital.
Participe dessa jornada: conheça o Velho Chico de perto, apoie projetos ambientais e assine nossa newsletter para receber roteiros exclusivos pelo Rio São Francisco!
Links Internos
Links Externos
- Agência Nacional de Águas (ANA): https://www.ana.gov.br
- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan): https://www.gov.br/iphan